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A quinta doença

  • Foto do escritor: João Núncio Crispim
    João Núncio Crispim
  • 1 de mai. de 2019
  • 2 min de leitura

São várias as doenças exantemáticas típicas da infância, ou seja, doenças que se manifestam por manchas na pele. Já neste espaço abordei algumas, como a varicela, o exantema súbito e a doença mãos-pés-boca, doenças que a cultura popular agrupa sob o termo “sarampelos”. Tendo sido a quinta doença exantemática descrita, foi atribuída ao eritema infecioso a designação de “quinta doença”. Perante a aparência causada pelas manchas, com a região das bochechas muito avermelhada com aspecto de face esbofeteada, é conhecida habitualmente por doença da estalada ou da bofetada.

O causador é um vírus chamado Parvovírus B19. A transmissão faz-se por via respiratória a partir de indivíduos com a doença. As primeiras manifestações da doença são subtis e inespecíficas, como sinais de constipação, febre baixa, dor de garganta, dor de cabeça e de barriga, durando cerca de 2-3 dias. Segue-se um período de uma semana sem sintomas. A fase seguinte da doença caracteriza-se pelo aparecimento das manchas características na face, podendo surgir também manchas em todo o corpo. Esta fase pode durar algumas semanas, durante as quais as manchas vão aparecendo e desaparecendo.

A doença é em regra benigna e resolve naturalmente por si, sendo muito raras as complicações da mesma. O Parvovírus B19 infecta as células da medula óssea que produzem os glóbulos vermelhos, e provocam um abrandamento transitório na sua produção. Isto não representa um verdadeiro problema numa criança saudável, mas as crianças com alguns tipos de anemia podem ter repercussões importantes dessa consequência da infeção por este vírus. As crianças com doenças do sistema imunitário também podem ter infeções de maior gravidade. Uma das mais temidas complicações da infeção por este vírus relaciona-se com a infeção na grávida (ver caixa).

O aparecimento das manchas na pele acontece numa fase em que a infeção já está resolvida. Isto significa que o diagnóstico da quinta doença só é feito numa altura em que os escassos riscos da mesma já não têm significado. Da mesma maneira, quando aparecem as manchas a criança já não transmite a doença a outras pessoas, podendo regressar cm segurança à escola.

O Parvovírus e a gravidez

A infeção pelo Parvovírus B19 na gravidez pode transmitir-se ao feto em crescimento. A infeção por este vírus afecta as células que estão em multiplicação, e pode por isso ter efeitos nefastos no bebé. Pode causar uma anemia grave, insuficiência cardíaca, entre outras alterações. Pode causar aborto em até 1,6 a 9% das grávidas infetadas. O maior risco de haver consequências para o bebé surge quando a infeção é adquirida nas primeiras 20 semanas de gravidez.

Uma grávida que tenha contacto com indivíduos com eritema infecioso deve realizar uma avaliação analítica para identificar se já teve no passado a infeção, e portanto se está em risco de sofrer consequências da infeção do bebé. Caso se comprove a infeção pelo vírus, a grávida deve ser acompanhada de perto numa consulta de obstetrícia.

Sabia que…

... cerca de metade dos adultos estão imunes ao Parvovírus B19?

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