A gripe A - porquê o medo?
- João Núncio Crispim
- 1 de mai. de 2019
- 1 min de leitura
Este ano estamos a assistir a um fenómeno curioso. Há um alarme na população e nos media a propósito da Gripe A. Todos estarão recordados da pandemia da gripe em 2009, da estirpe H1N1, e talvez essa memória justifique este fenómeno. Na verdade, antes e depois da pandemia, sempre existiram várias estirpes do vírus da gripe, agrupados em dois tipos: A e B. Em contexto sazonal (a gripe que todos os anos se manifesta nos meses de inverno) a gripe A é semelhante à gripe B, em termos de manifestações e gravidade. Isto por oposição às situações de pandemia (como a gripe espanhola de 1918, a gripe asiática de 1957 ou a mais recente gripe "suína" de 2009), em que por vários fatores a gravidade e mortalidade da gripe é mais elevada. Não há portanto razão para o alarme este ano gerado à volta da gripe A - é a gripe sazonal que todos os anos "varre" o país. Atenção: a gripe sazonal pode ser grave, particularmente nos grupos de risco, e é fundamental reforçar a necessidade de vacinação dos grupos de risco (bem identificados nas normas da Direção Geral de Saúde) e de tratamento com Oseltamivir (Tamiflu) nos doentes com critério para tal (mais uma vez identificados nas normas da DGS, sendo que a generalidade das crianças e adultos saudáveis estão excluídos destas indicações). Não faz portanto sentido testar a presença do vírus nas crianças com sintomas gripais, da mesma forma que não faz sentido recear particularmente o contacto com alguém a quem foi diagnosticada "gripe A" - não mais do que o contacto com alguém "engripado" nos últimos anos!
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