Rotavírus - o que é?
- João Núncio Crispim
- 1 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
O rotavírus foi um dos primeiros vírus identificados como causadores de gastrenterite aguda. A infeção pelo rotavírus predomina entre os 6 meses e os 2 anos, sendo neste grupo o principal causador de gastrenterite grave em todo o mundo. Nos países de clima temperado, como Portugal, é mais frequente nos meses de inverno, mas nos países tropicais ocorre durante todo o ano. O contágio é fácil, e parcialmente prevenível pelas adequadas medidas de higiene das mãos, especialmente nas creches e infantários onde os surtos de gastrenterite não são raros.
Menos de 48 horas após contacto a criança inicia diarreia sem sangue, que é frequentemente abundante e se acompanha de vómitos e febre, mais do que noutras causas de gastrenterite. Desta forma, o risco de desidratação existe, e uma parte das crianças com infeção pelo rotavírus são internadas para hidratação com soro - habitualmente por serem incapazes de repor os líquidos perdidos com as fezes pela ingestão de soros de hidratação oral. A desidratação é a consequência mais habitual, e nos países com bom acesso aos cuidados de saúde a mortalidade é praticamente inexistente, ao contrário dos restantes onde é causador importante da morte de muitas crianças.
A gastrenterite a rotavírus, como tantas outras infeções virais, acaba por resolver espontaneamente, durando em média 8 dias. Os cuidados com a gastrenterite, independentemente da ser ou não provocada pelo rotavírus, pretendem garantir que a criança permanece hidratada durante o período de doença. Assim, importa repor pela boca os líquidos perdidos pelas fezes, sob a forma de soros de rehidratação oral. Medicamentos como o racecadotril ou alguns probióticos (Saccharomices boulardii ou Lactobacillus GG) têm vindo a mostrar-se úteis na diminuição da diarreia, apesar do seu uso não ser recomendado em todas as crianças pelas principais sociedades científicas de gastrenterologia pediátrica.
A vacina do rotavírus
Estão desde 2006 disponíveis no mercado vacinas contra o rotavírus. São vacinas administradas pela boca, que os pais devem adquirir na farmácia e solicitar a administração no seu centro de saúde. Não são, no entanto, comparticipadas pelo estado português. A primeira dose é administrada aos 2 meses de vida, juntamente com as restantes vacinas do Programa Nacional de Vacinação. Não é possível iniciar a vacinação de crianças com mais de 12 ou 16 semanas de vida (consoante as formulações disponíveis).
A vacinação previne de forma eficaz a gastrenterite pelo rotavírus, e a sua administração é segura. As questões de segurança colocadas por uma anterior vacina comercializada em 1998 não se aplicam às novas vacinas, e não devem portanto causar receio na sua administração. As principais sociedades científicas europeias e norte-americanas recomendam a vacinação universal de todas as crianças.
Sabia que…
... mais de 400.000 crianças morrem anualmente em todo o mundo por gastrenterite a rotavírus?
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