Pneumonia
- João Núncio Crispim
- 1 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
As infeções respiratórias podem dividir-se em infeções respiratórias altas (nariz, seios perinasais, amígdalas, laringe, entre outras) e baixas (traqueia, brônquios e pulmões). Quando uma infeção se localiza nos pulmões chama-se pneumonia. Nesta doença acumulam-se secreções no interior dos espaços pulmonares habitualmente preenchidos por ar. Isto dá origem a dificuldade em respirar, já que as partes afetadas dos pulmões funcionam pior, com falta de ar e cansaço fácil. Essas secreções desencadeiam tosse, que é um mecanismo de defesa útil para eliminar as secreções infetadas acumuladas. Quando a inflamação da pneumonia se estende, por proximidade, à caixa torácica, surge dor no peito que piora com a respiração. As pneumonias podem também provocar dor de barriga, habitualmente quando se localizam nas porções inferiores, mais próximas do abdómen. Tratando-se de uma infeção, acompanha-se quase sempre de febre.
A observação de uma criança com pneumonia por um médico experiente pode ser suficente para fazer o diagnóstico, não sendo obrigatória a realização de uma radiografia do tórax. Da mesma forma, também a realização de análises não é sempre necessária. Ainda assim, estes exames são úteis das situações em que há dúvida diagnóstica ou quando o médico teme a ocorrência de complicações da pneumonia.
Uma causa frequente de pneumonia são os vírus, tanto mais quanto mais pequena for a criança. Dessa maneira, uma parte das pneumonias não carecem de tratamento com antibiótico. As pneumonias bacterianas, no entanto, exigem este tipo de tratamento. De acordo com a idade, grau de dificuldade respiratória, entre outros factores, pode ser necessário o internamento hospitalar para administração de oxigénio e/ou antibiótico por via venosa.
A pneumonia na criança, sendo uma doença potencialmente grave, é na grande maioria dos casos uma doença de tratamento fácil e eficaz. Nos países com adequada cobertura de serviços médicos é rara a morte de crianças por pneumonia, muito ao contrário do que se passa no resto do mundo (ver caixa). As diferentes implicações que tem o diagnóstico de pneumonia nos idosos mais debilitados são em parte responsáveis pela apreensão suscitada nos pais pelo diagnóstico de pneumonia nas crianças.
O frio, a pneumonia e o resto do mundo
Associamos a ocorrência de pneumonias ao tempo frio, e de facto esta doença é mais frequente no outono e inverno. Os responsáveis por esta predominância são os vírus, que se reproduzem melhor no tempo frio e aproveitam o facto de no inverno as pessoas se aglomerarem mais em espaços fechados, facilitando a transmissão das infeções. O próprio sistema imunitário parece ficar mais “lento” durante o tempo frio. Os vírus, além de serem eles próprios causadores de pneumonias, debilitam as nossas defesas e abrem o caminho às bactérias que habitualmente vivem em equilíbrio no nosso sistema respiratório.
Apesar disto, as pneumonias não são de todo exclusivas dos países de clima temperado e frio. Nos países tropicais, nomeadamente na África subsariana e no sul da Ásia, a pneumonia é uma das principais causas de morte de crianças, a maioria das quais evitável pelo uso de antibióticos de baixo custo. A Organização Mundial de Saúde e a UNICEF têm em curso um programa de actuação que pretende diminuir drasticamente a mortalidade combinada da pneumonia e da diarreia, responsáveis em conjunto por 29% da mortalidade infantil a nível mundial.
Sabia que…
... a pneumonia é a principal causa infeciosa de morte de crianças, causando mais de 2 milhões de mortes por ano em todo o mundo?
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