Meningite
- João Núncio Crispim
- 1 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
A meningite, doença temida por pais e pediatras, é uma infeção das meninges – os tecidos que envolvem o cérebro e a medula espinhal – entre as quais circula um líquido transparente chamado líquor ou líquido cefaloraquidiano. Pode ser causada por vírus, bactérias ou outros micro-organismos menos frequentes, e pode surgir ou não associada a uma infeção noutra localização que serve de “porta de entrada” para os micróbios causadores de meningite nesse ambiente habitualmente estéril. É uma situação pouco frequente, mas muito presente na mente do médico na avaliação do doente com febre.
Os sintomas de uma meningite são habitualmente a febre, dor de cabeça e vómitos. Podem surgir convulsões ou outros sintomas menos frequentes. No entanto os bebés mais pequenos (antes dos 3 meses) podem apresentar apenas irritabilidade ou prostração acentuadas, recusa alimentar, entre outros. À observação pelo médico há uma série de dados clínicos, designados “sinais meníngeos”, que são muito sugestivos de meningite. Estes são rotineiramente pesquisados na criança febril. Quando o estado geral da criança e restante observação são normais ou indicadoras de outra doença, a ausência de sinais meníngeos ajuda a excluír esse diagnóstico. Pode por vezes ser necessário recorrer a outros exames.
O exame de eleição para diagnosticar meningite é a colheita e análise laboratorial do líquor. O líquor obtém-se pela técnica de punção lombar, em que através de uma agulha inserida entre as vértebras da região lombar se acede ao espaço onde o líquido circula. O exame do líquor permite diagnosticar meningite, e por vezes identificar o micro-organismo causador.
Importa sublinhar que a meningite é uma doença potencialmente grave, e que deve ser identificada o mais precocemente possível. No entanto, a instalação dos sintomas e sinais característicos pode demorar algum tempo, e o seu reconhecimento ser naturalmente retardado. Como já referi a propósito de outros temas, um bom estado geral é quase sempre indicador de uma doença benigna, e deve ser o principal sinal de alerta a ter em conta, já que os sintomas de meningite são comuns a muitas outras doenças menos graves.
Meningite – vacinas?
Não existem vacinas para todos os agentes que possam provocar meningite, nem tal será possível. O Programa Nacional de Vacinação (PNV) inclui, entre outras, uma vacina contra o meningococo C (neisseria meningitidis do grupo C), o haemophilus influenzae tipo B e 13 tipos de pneumococo (streptococcus pneumoniae), bactérias outrora frequentemente causadoras de meningite antes da introdução das vacinas no mercado. A sua presença como agentes causadores de doença é agora reduzida, fruto da boa cobertura vacinal em Portugal.
Não incluídas no PNV, as vacinas contra os meningococos do tipo B e contra os meningococos do tipo A, C, W e Y ajudam também a prevenir a meningite. A sua ausência do PNV, e ausência de comparticipação pelo Serviço Nacional de Saúde, coloca do lado das famílias o elevado encargo com as vacinas.
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