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Faringites e amigdalites

  • Foto do escritor: João Núncio Crispim
    João Núncio Crispim
  • 1 de mai. de 2019
  • 2 min de leitura

A faringe, mais conhecida por “garganta”, localiza-se por trás das fossas nasais, da boca e da laringe. Permite a passagem do ar entre o nariz e boca e a laringe, que o leva aos pulmões, e também dos alimentos entre a boca e o esófago. Nesta “encruzilhada” de caminhos passam portanto muitas substâncias estranhas ao organismo, como poluentes, alergenos e microorganismos. É daqui que surge a necessidade de ter um sistema de defesa local, desenhado para combater esses elementos. Esse sistema é constituido por muitos pequenos aglomerados de tecido linfóide, os maiores dos quais são as conhecidas amígdalas e adenóides.

As infeções da faringe designam-se por faringites. Quando também as fossas nasais estão afetadas, situação muito frequente nas vulgares constipações, designam-se nasofaringites ou rinofaringites. As amigdalites são também faringites, mas em que as amígdalas estão particularmente afectadas, e o mesmo se aplica às adenoidites.

A grande maioria das faringites nas crianças, mesmo no caso das amigdalites, são provocadas por vírus, e não carecem portanto de tratamento antibiótico. As amigdalites bacterianas, na gíria “anginas”, são causadas quase sempre pela bactéria Streptococcus pyogenes (ver caixa).

As faringites caraterizam-se por dor de garganta e dor ao engolir, que se podem acompanhar de febre (habitualmente mais alta e persistente nas infeções bacterianas), corrimento nasal, entre outros sintomas. As crianças mais pequenas, que não sabem explicar as queixas, apresentam mais frequentemente recusa em se alimentar e salivam excessivamente, dado que evitam engolir a saliva. A garganta fica com um aspeto avermelhado, e as amígdalas podem ficar esbraquiçadas – os famosos “pontos brancos”. Note-se, no entanto, que este aspecto não é exclusivo das amigdalites bacterianas, podendo surgir muitas vezes nas infeções virais.

É importante tratar a dor de garganta e a febre com analgésicos e antipiréticos, mas o ponto fulcral do tratamento nas faringites é evitar a desidratação que pode surgir pela recusa dos alimentos e líquidos. É por isso fundamental insistir na ingestão de líquidos, sendo que os líquidos frescos e que não tenham acidez serão mais bem aceites pela criança com dor de garganta. Quando a infeção seja provocada por bactérias o tratamento passa pela administração de antibiótico, em injeção intramuscular ou suspensão oral.

Porquê tratar as amigdalites bacterianas?

As amigdalites provocadas pelo Streptococcus pyogenes podem distinguir-se das faringites virais por vários aspetos. Causam habitualmente febre mais alta, não se acompanham de corrimento nasal e algumas estirpes podem causar manchas no corpo – a escarlatina. A garganta fica vermelha com uma tonalidade mais escura, podem surgir manchas vermelhas no palato, e pús nas amígdalas. Nenhumas destas características é exclusiva das amigdalites de causa bacteriana, e em caso de dúvida há testes que detetam a presença da bactéria na garganta.

Esta infeção pode resolver sem tratamento, mas a utilização do antibiótico é útil por duas razões: ajuda a evitar as complicações imediatas como abcessos à volta das amígdalas, e evita a complicação tardia designada febre reumática. A febre reumática é uma doença com consequências potencialmente graves ao nível das válvulas do coração, e pode ser eficazmente prevenida pela utilização adequada de antibiótico nas amigdalites bacterianas. É por isso uma situação quase inexistente no nosso país na actualidade.

Sabia que…

... 24 horas após o inicio de antibiótico a amigdalite bacteriana já não se transmite a outras crianças e adultos?

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