Tonturas e desmaios

Qualquer situação de perda de conhecimento numa criança é um evento preocupante para os pais. Quando surge na sequência de uma pancada na cabeça, por exemplo, é certamente um sinal de alarme a ter em conta e a criança deve ser observada no hospital. Noutros contextos a preocupação relaciona-se com o receio de problemas cardíacos.

A situação que mais frequentemente desencadeia um desmaio é uma resposta do organismo designada reação vagal. Quase todas as pessoas já experienciaram esta reação, sendo que algumas crianças têm maior propensão para reações vagais que outras – e habitualmente os pais possuem a mesma propensão. Carateriza-se por um conjunto de sintomas iniciais, como palidez, suores frios, alterações visuais (perda de visão ou “ver estrelinhas”), mal-estar, tonturas, náuseas ou vómitos, podendo culminar com o desmaio. Pode surgir quando nos levantamos repentinamente, quando está muito calor, perante jejum prolongado, durante exercício físico intenso ou quando vivenciamos uma situação desagradável (como ver sangue, estar num espaço fechado com muitas pessoas, ter uma dor intensa). Também após uma refeição copiosa, em situações de imersão em água fria e de desidratação há maior tendência para a reação vagal. Quando vários destes fatores se conjugam, especialmente numa pessoa com predisposição para este tipo de resposta, a probabilidade de desmaio aumenta. Os adolescentes são particularmente suscetíveis.

Perante os sintomas de uma reação vagal devemos deitar a criança no chão e elevar os membros inferiores. Quando a criança recupera deve levantar-se devagar, e se regressarem os sintomas permanecer no chão. Beber água, ingerir algo doce e procurar um local fresco, combatendo os possíveis desencadeantes, pode ajudar na recuperação. Tratando-se de uma resposta normal do organismo, não deve ser encarada com excessiva preocupação, sendo fundamental que a criança e os pais aprendam quais são os desencadeantes para prevenir a recorrência no futuro.

Perante desmaios que surjam de forma súbita, sem sintomas iniciais, ou que de outra forma não correspondam ao padrão descrito devem procurar o pediatra.