Chucha - um inimigo a abater?
- João Núncio Crispim
- 1 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
A utilização de chucha está associada a dificuldades na adaptação ao aleitamento materno, alterações dentárias, e deixá-la representa para muitas crianças um passo difícil na aquisição da sua autonomia, sendo por vezes fonte de sentimentos de insegurança e vergonha. Por estas razões, tem sido bastas vezes demonizada pela sociedade, pediatras e médicos dentistas. Mas será a chucha um inimigo a abater?
De facto, a utilização precoce de chucha – pelas diferenças anatómicas evidentes entre a sucção em chucha e na amamentação – associa-se a uma taxa inferior de sucesso no aleitamento materno. Da mesma forma, relaciona-se (a par da sucção no dedo) com alterações no posicionamento dos dentes de leite, embora não seja certa a persistência destas alterações na dentição definitiva. Aumenta ainda ligeiramente o risco de otite média.
A sucção em chucha ou no dedo é um mecanismo de consolo normal no desenvolvimento das crianças (em inglês, diz-se pacifier – “apaziguador”). O seu uso é frequente até aos 4/5 anos, sendo tendencialmente mais prolongada a sucção no dedo que o uso de chucha. Esta é por isso, para muitas famílias, uma ajuda na tranquilização dos lactentes e na aquisição de hábitos de sono.
É evidente o papel da chucha na redução em 30%-60% da incidência da morte súbita do lactente, estando por isso recomendada pela Academia Americana de Pediatria durante os períodos de sono diurnos e nocturno a partir do estabelecimento adequado do aleitamento materno (a partir das 3 semanas de vida).
Por estes motivos, a chucha não deve ser proibida, mas deve ser utilizada com alguns cuidados. A sua introdução deve aguardar pelo estabelecimento de uma adaptação sólida ao aleitamento materno, e deve procurar-se o seu “desmame” precoce para evitar alterações na arcada dentária e estigmatização social.
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